O MÉDIUM E O PALCO


O MÉDIUM E O PALCO

Quando o médium deixa de servir para ser servido?
 

É muito comum, infelizmente, vermos irmãos de jornada caindo nas garras do egocentrismo, da vaidade e do orgulho. Esquece-se que somos apenas instrumentos da espiritualidade, que os conselhos dados, que as palavras de consolo proferidas, que os passes energéticos, que os trabalhos magísticos, não são força ou poder do médium, mas, sim, manipulação das energias provenientes do guia comunicante. Porém, vemos muitos, que começam quietos, mas que, com o tempo, passam a achar que seu mentor é o melhor, que o outro é ignorante, que os outros estão fazendo tudo errado e que são incapazes.

Pior ainda quando se pensa que ninguém mais sabe agir a não ser ELE mesmo. O Ego grita nesse momento, tentando se libertar e dominar o pobre instrumento que a espiritualidade tentou trabalhar. Ele vê seus mentores e guias operarem verdadeiras façanhas através de seu aparelho mediúnico, vê pessoas que chegam chorando aos pés dos guias saírem rindo e resolverem suas vidas, curas sendo proporcionadas, e assim acreditam que ELES que detêm o poder em suas mãos, e que são autossuficientes.


Eis que começam as aberrações, os shows, giras viram espetáculos, e os mentores, já não mais podendo se sintonizar adequadamente com seu aparelho mediúnico, se “afastam”. 


Veja bem, não é o mentor que se afasta na realidade, mas o instrumento de comunicação se torna tão grosseiro e tão impróprio que é incapaz do mentor se familiarizar com suas emanações energéticas. Então, outros espíritos que se sintonizam a essas energias se aproximam, com intenções não tão nobres.

Então a culpa é do obsessor? Não! Pois nem sempre são obsessores que fazem esse tipo de trabalho, mas a própria psique desequilibrada do médium que toma a frente dos trabalhos, passando este a agir como se estivesse manifestando um mental alheio. Porém é ele.


Eis porque a reforma interior é tão importante para todos os médiuns, neófito ou ancião, experiente ou iniciante. A reforma interior é vital para uma boa conduta mediúnica, pois precisamos compreender e aceitar que somos apenas o receptáculo de mentais alheios, e se assim o somos, devemos esperar sintonizar espíritos comprometidos com a Lei Maior e a Justiça Divina. 

A moral duvidosa expõe um alvo para o baixo astral e as frequências negativas. 
A primeira lição a aprender é que não somos os detentores do poder; a segunda lição que deve ser aprendida simultaneamente é que não devemos jamais julgar quem pede ajuda.

Não se julgue “O” porta-voz dos mortos, eis que você é apenas um dos muitos porta-vozes.


O médium não está em uma casa só para servir de instrumento para as dores dos outros, mas também para suas, para aprender e para evoluir, coibindo suas próprias paixões desvirtuadas.


Mediunidade não é incorporar um espírito, mas incorporar os valores que esse espírito representa: compaixão e humildade.
JUS 165 - 02/2014


 por Douglas Rainho
drainho@perdidoempensamentos.com

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