Diálogo entre duas pessoas

Diálogo entre duas pessoas:

Uma delas (Pessoa B) com um belo fio de conta nos pescoço.
Pessoa A:
Bom dia, a bença...Tudo bem com você, prazer em te conhecer? Estou vendo que vc é de alguma casa de orixá.
Pessoa B:
Que meu pai te abençoe. Prazer é meu. Sou sim. Sou do Asé Tal ( e cita o nome de uma casa muito famosa)..
Pessoa A:
Só conheço de nome. Nunca fui lá.
Pessoa B:
E você é de alguma casa?
Pessoa A:
Sou abian da casa Tal( e cita o nome de uma casa que não tem a mesma referência)
Pessoa B:
Onde fica isso?
Pessoa A:
Minha casa fica no Bairro tal..perto de tal lugar. Duas horas daqui até lá..
Pessoa B:
Mas você vai fazer seu santo numa casa que ninguém conhece?
Pessoa A:
E isso é ruim?
Pessoa B:
Deve ser. Fazer meu santo com quem não conheço, não tem nome na praça. Faço não.
Pessoa A:
Mas a sua casa um dia não foi conhecida. Qual foi a razão para o orixá das pessoas mais antigas escolher a sua casa?
Pessoa B:
Ah!! minha casa tem raiz. Meu avô de santo é seu Fulano. Meu bisavô é seu Cicrano. Pessoa antiga de santo.
Pessoa A:
Mas só isso basta para agente escolher uma casa?
Pessoa B:
Não. Não é só isso, mas é importante. Hoje para fazer um santo na minha casa tem que ter pelo menos R$ 12.000,00. Só o jogo do meu Pai custa R$ 200,00. Semana passada saiu um barco de 3. Semana que vem entra mais 2 para fazer o santo.
Pessoa A:
É muita gente. Na minha casa o jogo custa R$ 50,00.
Pessoa B:
Deus me livre. Com esse dinheiro meu pai nem atende.
Pessoa A:
Ah! O meu atende até se a pessoa não tiver..e estiver precisando. Já vi ele dando ebó em pessoas, sem a pessoa ajudar em nada, por que não tinha mesmo de onde tirar.
Pessoa B:
Duvido meu pai fazer isso. Nem imagino....Lá na minha casa não passa nem no portão.
Pessoa A:
É exatamente por isso que eu estou na minha casa...Meu pai de santo sabe quando é necessário ser humano. Meu pai de santo não precisa de ostentação. Minha casa tem fundamento.
Meu pai de santo pode não ter um castelo para morar e nem precisa por que o castelo dele é o seu orixá. E esse castelo nunca desaba.
Peço a bença a senhora, mas vou continuar na minha casa.

autor desconhecido.